O Cristianismo Não Pode Ser Individualista e Nem Socialista


Em `Morte da Razão`, Francis Schaeffer escreve que o "a salvação tem algo a dizer não somente ao homem individual, mas também à cultura". E ele continua: 

"O Cristianismo é individual no sentido de que cada homem deve ser convertido, nascido novamente, um de cada vez. Mas não é individualista. A distinção é importante. Como Deus fez o homem, ele também fez uma Eva de forma que poderia haver relações horizontais finitas entre duas pessoas. E estas relações humanas são importantes a Deus, pois "o poder de Deus para salvação" também tem a intenção de proporcionar uma resposta às necessidades sociológicas do homem, a interação entre duas pessoas e entre todas as pessoas. Deus está interessado no homem por inteiro e também na cultura que flui da relação entre as pessoas."

O Evangelho é o reflexo mais puro que pode haver da essência de Deus. Ele é a justiça aplicada, o amor revelado, a vida encarnada, transmitida para que pudéssemos, como ensina Calvino, nos reconciliar com o Criador,  com a criação e com as criaturas. E isso nos remete ao próprio ser de Deus, que sendo um em substância, é três em pessoas. Deus é individual: O Pai não é o Filho e não é o Espírito Santo; o Espírito Santo não é o Pai e não é o Filho; o Filho não é o Espírito Santo e não é o Pai. Deus é, ao mesmo tempo, indivíduo e sociedade, e por isso entre si cada uma delas não menospreza a individualidade de outra Pessoa da Trindade, ao contrário, cada uma as ama e louva as outras. Ao mesmo tempo que exalta a individualidade uma da outra, cada Pessoa da Trindade não deixa de viver a harmonia social que lhe é intrínseca.

Quando Deus afirma "Não é bom que fique só o homem", certamente ele está falando de arranjar uma auxiliadora para Adão que lhe fosse idônea, ou seja, que lhe fosse adequada, para que pudessem casar e tornar-se uma só carne, refletindo a união indissolúvel que há entre as pessoas da Trindade. Contudo, havia algo mais permanente e mais profundo em vista do que o casamento em si. No momento que Eva é criada, Adão, tal como seu criador, torna-se um ser social. Pode-se dizer que, ao homem que já possuía a individualidade tal qual cada Pessoa da Trindade, recebe naquele instante o atributo divino da sociabilidade entre seus iguais.

Por essa realidade, as dimensões individual e social  foram comunicadas ao ser humano. O Cristianismo, portanto, religião monoteísta que afirma ser Deus um em substância e três Pessoas, não pode ser individualista e nem socialista, posto que o individualismo sonega o aspecto social e cultural do ser humano ao ignorar o próximo, e o socialismo, por sua vez, anula a individualidade desse mesmo próximo. 

Assim, seja como atitude diária, estilo de vida, filosofia ou ideologia política, o individualismo e o socialismo são pecaminosos, contrários à natureza humana e uma afronta contra o Deus Trino. 

Quem pode remir da morte? - Salmo 49

7 Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate 
8 (Pois a redenção da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre.), 
9 para que continue a viver perpetuamente e não veja a cova; 
10 porquanto vê-se morrerem os sábios e perecerem tanto o estulto como o inepto, os quais deixam a outros as suas riquezas. 
11 O seu pensamento íntimo é que as suas casas serão perpétuas e, as suas moradas, para todas as gerações; chegam a dar seu próprio nome às suas terras. 
12 Todavia, o homem não permanece em sua ostentação; é, antes, como os animais, que perecem. 
13 Tal proceder é estultícia deles; assim mesmo os seus seguidores aplaudem o que eles dizem. 
14 Como ovelhas são postos na sepultura; a morte é o seu pastor; eles descem diretamente para a cova, onde a sua formosura se consome; a sepultura é o lugar em que habitam. 
15 Mas Deus remirá a minha alma do poder da morte, pois ele me tomará para si.

Salmos 49:7‭-‬15 


O PERSONAGEM PRINCIPAL DO DIA DA REFORMA É A PALAVRA DE DEUS

O que é o Dia da Reforma? Para responder a essa questão, vamos fazer outra pergunta. Quando é o Dia da Reforma? É no dia 31 de outubro, que comemora os eventos do dia 31 de outubro de 1517. Naquele dia, Martinho Lutero, um monge agostiniano, pregou suas Noventas-e-Cinco Teses na porta da Igreja de Wittemberg, Alemanha.
Agora, por que Lutero fez isso? Para responder essa questão, nós precisamos introduzir alguns outros personagens. Um desses personagens foi Albert de Brandeburg. Albert não tinha idade para ser bispo, mas em 1517 ele já era bispo sobre duas cidades, o que era contra a lei da igreja. Além disso, ele queria ser arcebispo de Mainz. Ter três posições também era contra a lei da igreja, o que significava que Albert precisava de uma dispensação papal.
Agora então, Papa Leão X entra em nossa história. Leão era da Família Medici, de Florência. Os Medicis eram uma clã de proeminentes banqueiros e patrões de arte. Foi Leão que pagou Michelangelo para pintar o telhado da Capela Sistina no Vaticano. Albert encontrou Leão para pegar uma dispensação, e como um bom homem de negócios, eles fizeram um acordo. Por dez mil ducados, Albert poderia ter seus três bispados. Mas Albert tinha um problema: seu dinheiro estava espalhado em terras e não em dinheiro vivo, então ele precisava levantar os fundos.
Então, outro personagem entra: o frade Johan Tetzel. Ele vendeu indulgências a favor de Albert, e parte do dinheiro foi para ajudar Albert a pagar o custo de se tornar arcebispo de Mainz.  Essas indulgências foram providenciadas pelo papa, e não somente proviam que os pecados passados fossem perdoados, mas que também os pecados futuros fossem igualmente perdoados. E essas indulgências também permitiam o comprador a alcançar seus parentes no purgatório.
Então, Tetzel começou a vender essas indulgências, usando um jingle: “Assim que a moeda no cofre tintilar, do purgatório a alma irá saltar”.
Este acontecimento deixou Lutero profundamente atribulado. Ele viu como essas coisas eram contrárias à doutrina da igreja naquele tempo, e assistia pessoas debaixo de seu cuidado indo comprar as indulgências de Tetzel. Então, ele fez o que  qualquer estudioso faria. Ele foi aos estudos e escreveu suas Noventa-e-Cinco Teses para fazer um convite ao debate público. Ele postou suas teses em 31 de outubro.
A primeira tese logo dizia: “Nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo, quando Ele disse “Arrependei-vos”, desejou que a vida toda dos crentes fosse de arrependimento”. É fascinante que Lutero faz referência ao chamado de Jesus ao arrependimento em Mateus 4.17. Há alguma coisa a mais em jogo aqui, algo mais que explica o Dia da Reforma.
Em 1516, o Novo Testamento Grego foi publicado pelo intelectual humanista Desiderius Erasmus. E quando Lutero leu o Novo Testamento em grego, ele percebeu que a Vulgata Latina, por séculos o texto oficial da igreja, estava errada. A Vulgata tinha traduzido a palavra grega em questão –“arrepender-se -  como “fazer penitência”. Essa tradução tinha servido por séculos para apoiar o sistema sacramental católico romano.
O personagem principal do Dia da Reforma não é Lutero. É a Palavra de Deus. O que Lutero descobriu como monge é que por séculos o verdadeiro ensinamento da Palavra de Deus tinha sido escondido, séculos após séculos de tradição.
É isso que o Dia da Reforma significa: tirar as capas e liberar o poder da Palavra de Deus, sua beleza e a verdade do Evangelho.
É isso que nós celebramos no Dia da Reforma.



Fonte: Stephen Nichols, em 5 Minutes in Church History.

Dez fatos sobre a Páscoa e a história de Israel que se relacionam a nós como Igreja de Cristo

Páscoa é uma festa judaica em memória à libertação da escravidão no Egito. Pessach significa “passar por cima”, em referência ao Senhor ter passado e não entrado nas casas das famílias Israelitas, que seguiram as instruções de Moisés de aspergir nos marcos de suas portas o sangue dos cordeiros que deveriam servir de refeição na noite em que se preparavam para sair do Egito. Todos os primogênitos egípcios morreram naquela noite, do filho do Faraó até os primeiros filhos dos animais.

A história de Israel é um tipo de nossa história, uma prefiguração de como Deus nos resgatou do pecado. Em I Coríntios 10, Paulo faz alguns paralelos com o Êxodo do Egito e diz: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos  têm chegado” (verso 11).

Neste fim de semana em que celebramos a Páscoa, separei dez fatos relacionados ao Pessach dos judeus que nos ensinam sobre nossa vida espiritual, nossa salvação, libertação do pecado e sobre nossa jornada à terra prometida. Vamos fazer um breve passeio,  não somente naquela noite, mas pelos principais fatos e acontecimentos da  história do povo de Israel que nos ajudam a entender melhor aquele evento e a nossa vida cristã.

1.            Fomos escolhidos antes mesmo de existirmos, assim como Israel já era povo escolhido antes de ser nação.
Em Genesis 12.2, Deus diz a Abrão: "De ti farei uma grande nação, e te abençoarei e te engrandecerei o nome".
Em Efésios 1.4, o apóstolo Paulo diz: "Deus nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo".

2.            Fomos concebidos em pecado, assim como Israel se tornou povo no Egito.
José foi vendido pelos seus irmãos e acabou no Egito. Numa história dramática, em tempos de fome na terra, a família toda de Jacó se refugiou no Egito, pois o próprio José foi alçado para o posto mais importante do império pelo Faraó para administrar a economia nos tempos de escassez. O Egito na Bíblia é o símbolo do pecado. O lugar onde o crente não deve estar.
No Salmo 51.5, Davi confessa: "Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe".

3.            Só deixamos o pecado por iniciativa de Deus, da mesma maneira que foi por iniciativa do Senhor que Israel deixou o Egito.
A epístola aos Colosssenses ensina que: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor”. (1.13)
Jonas 2.9 diz que “a salvação pertence ao Senhor”!

4.            O diabo resiste a nossa libertação da mesma maneira que o Faraó não queria deixar ir a Israel.
Faraó, com o coração endurecido, resistiu o quanto pôde e tramou para não deixar ir o povo de Deus.
Na parábola do semeador, Jesus fala de quatro tipos de solo, e deixa claro que o diabo tenta contra todos aqueles que ouvem o Evangelho. Nosso Senhor ensina que os intentos do inimigo são bem sucedidos com aqueles tipos de pessoas representadas pela semente que cai pelo caminho: “Vem o maligno e lhes arrebata o que foi semeado no coração. Esse é o que foi semeado à beira do caminho". (Mateus 13.19)
O apósotolo Pedro também nos alerta: "Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar". (I Pedro 5.8-9)

5.            O sangue do Cordeiro nos livra da morte e da ira de Deus.
A ordem era passar o sangue de cordeiro sem defeito, macho de um ano, nos umbrais das portas. O Senhor feriu naquela noite todos os primogênitos do Egito, executando seu juízo, exceto aos filhos de Israel que tinham a marca do cordeiro em suas portas.
Romanos 5.8-9 diz: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”.

6.            Ele nos dá uma lei de liberdade.
Os dez mandamentos e toda Lei foram entregues aos Israelitas ainda no deserto. “Então, falou Deus todas essas palavras: Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim...” (Êxodo 20). Deus recorda a libertação, e logo depois dá uma lei que explica como eles deveriam viver. Em outras palavras, o Senhor está fazendo um convite: vivam da seguinte maneira, se quiserem continuar desfrutando dessa liberdade.
Ao abrir o sermão do monte com as bem-aventuranças, Jesus repete essa dinâmica, que pode ser vista em toda escritura: primeiro, Deus age com graça e nos tira do reino da escravidão do pecado, para depois entregar uma ética a ser seguida. Ninguém consegue se libertar pelo cumprimento da lei, mas somente os que já foram libertos conseguem viver por ela. 
Aqui é bom lembrar que toda a lei de Deus reflete seu caráter, e nossa liberdade está em nos tornarmos semelhantes a Jesus. 

7.            Murmuramos e desejamos as facilidades do Egito.
Logo depois de atravessar o Mar Vermelho a seco e se verem lives da perseguição do exército de Faraó, os Israelitas já demonstravam incredulidade, ingratidão e insatisfação, conforme mostra Êxodo 16.3: “Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor, na terra do Egito, quando estávamos juntos às panelas de carne e comíamos pão a fartar”.
Em I Coríntios 10.10, há um paralelo específico com esse episódio: “Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador”.

8.            Nós constituímos ídolos e atribuímos a eles a nossa liberdade
Êxodo 32 narra a fraqueza da memória dos judeus, que recém tinham visto livramentos maravilhosos operados por Jeová. Ainda assim, por uma ausência temporária de Moisés que havia se retirado para receber instruções do Senhor, o povo construiu um bezerro de ouro e proclamou: "São estes, ó Israel, os teus deuses que te tiraram da terra do Egito".
No verso 7 de I Coríntios 10, Paulo também alerta sobre a idolatria do povo no deserto: “Não vos façais por idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se”.
De fato, como é fácil esquecermos que tudo que temos vem do Senhor! Diariamente, precisamos lutar contra o orgulho e nossa soberba, lembrando que não foi nossa força, nossa inteligência, nossa justiça ou nosso conhecimento que nos livraram do pecado e trouxeram bençãos incontáveis às nossas vidas. 
Constituímos ídolos sempre que não atribuimos toda a glória a Deus a cada livramento ou conquista.

9.            Nós temos uma longa jornada para a terra prometida.
Israel tinha de atravessar o deserto para chegar à Canaã, a terra prometida. O deserto deveria ser temporário para todos os que creram. Mas somente Josué e Calebe creram na conquista quando os espias se depararam com a terra onde habitavam gigantes. Até mesmo Moisés só pode avistar a terra,  porque feriu a rocha à qual deveria apenas ter falado para tirar água (veja Números 20.11).
No Novo Testamento, a carta aos Hebreus, capítulo 13, versículo 14 diz: “Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir”.

10.          Deus provê um libertador.
Em Atos 3.22, Pedro cita as palavras de Moisés para apresentar Jesus como o Messias: “O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta no meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim, a ele ouvirás”.

A páscoa judaica foi um tipo da libertação definitiva do pecado que só pode ser alcançada em Jesus. Em Cristo, temos o êxodo da escravidão do pecado.  Se nos umbrais das portas dos Israelitas no Egito havia sangue de cordeiros que fez o juízo do Senhor passar por cima e não entrar em suas casas, na cruz de Cristo estava o sangue para o qual Deus olha ao passar por cima de nossa rebelião contra ele, para não derramar sobre nós a morte e a ira que merecíamos. O Pai poupou os primogênitos de Israel no Egito, mas não poupou o seu próprio Filho. No entanto, a crucificação é a morte da morte na morte de Cristo, pois ele ressuscitou! Jesus venceu a morte! Sua ressurreição é a garantia definitiva de nossa passagem da escravidão do pecado para a terra prometida, onde habitaremos para sempre com nosso Deus.

“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem”.
I Coríntios 15.20

Antes que dissesse “haja luz!”, Deus havia dito “haja cruz!”

Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu em Cristo, o Cordeiro morto desde a fundação do mundo.

Jesus não é um “plano B”. Deus não foi pego de surpresa quando Adão caiu em pecado. A redenção dos seus eleitos na cruz sempre esteve nos planos eternos e soberanos do Senhor.

Compreender isso é uma chave importante para interpretação bíblica. A Bíblia contém regras morais, mas não é um livro moral; a Bíblia contém livros históricos, mas não é um livro de história; a Bíblia fala da criação e da natureza, mas não é um livro de ciências; a  Bíblia tem  escritos poéticos, mas não é um livro de poesia; a Bíblia tem salmos e cânticos, mas não é um livro de música.

A Bíblia é a história da redenção da humanidade pela aliança de Deus com seu povo através do sacrifício de Jesus na cruz. Todos os livros bíblicos apontam para Cristo, e cada texto e cada palavra devem ser lidos e entendidos tendo-se isso em mente.

"Porque Deus nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença."

Efésios 1.4

"Todos os habitantes da terra adorarão a besta, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo." 

Apocalipse 13.8